Posted by admin On novembro - 25 - 2010
Natália Goulart

Com presença marcada no Fórum das Letras de Ouro Preto, o jornalista Laurentino Gomes lançou o livro “1808” no encontro em 2009, em que retrata a chegada da família real no Brasil e os anos que se sucederam.

Neste ano, apresentou “1822”, e adiantou que a trilogia será encerrada com “1889”. Em sua mesa, mediado por Clovis Bulcão, a conversa fluiu bem, com ar descontraído. Com um tom despojado e tamanha simplicidade, Laurentino disse que “depois dos três livros prometo que não vou dar títulos com números”.

Qual a diferença de um jornalista para um historiador? Questões assim permearam o debate em vários de seus momentos. Nós mesmos fechamos as áreas em si, quando definimos papéis profissionais, o lócus de trabalho e especializações. Cabe aqui fazer um parêntese, já que estamos falando de História. Desde a Revolução Industrial no século XVIII iniciamos esse pensamento de uma superespecialização, dessa maneira, surge o Fordismo em que as proposta das fábricas eram totalmente verticalizadas. Resumindo em poucas palavras – se você pregava pregos a sua função era somente essa.

No entanto, ao passo em que enxergamos a relação entre as profissões, podemos dizer que o jornalista também escreve história, assim como o historiador, narrando acontecimentos e os interpretando. Nesse sentido, cai por terra tanto no Jornalismo como na História, a falácia sobre a verdade absoluta dos fatos e a neutralidade do olhar de quem escreve. Os acontecimentos são contados e interpretados por alguém, por conseguinte, o narrador a começar pelo texto direciona sua visão subjetiva sobre o objeto. A diferença entre o trabalho jornalístico e o do historiador falada por Laurentino vai de encontro ao tempo. O jornalista escreve no “tempo que pega fogo”, o historiador tem uma perspectiva a longo prazo. Mas isso não quer dizer que o trabalho de um seja melhor que do outro, e sim que nessa relação, os discursos se complementam como teias interligadas.

Laurentino afirmou que “o objetivo é tornar o conhecimento acessível para o público em geral, além de professores de História e estudantes. “Meu trabalho é de divulgação científica, ou seja, um jornalista que faz uma escrita secundária”.

O autor fez o que os historiadores concentrados numa linguagem acadêmica, muitas vezes não conseguiram atingir, transmitir os acontecimentos e momentos históricos, àquelas pessoas que não tem acesso ao passado de suas próprias narrativas. E o fez de forma didática, leve e simples. Contudo, não tira de suas obras a complexidade da história de um país chamado Brasil.

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