Posted by admin On novembro - 22 - 2010

imagem de divulgação

“Não tenho imaginação para criar história e minha filha de cinco anos sabe disso. Sou jornalista e trabalho com a leitura dos fatos, ou daquilo que a gente acha que é fato.” Assim, Lira Neto levantou uma questão que permeeou o Ciclo Bravo! De Jornalismo e Literatura no Fórum das Letras de 2010 em Ouro Preto e insiste em aparecer. Afinal, se ele existe, qual é o limite entre jornalismo e literatura?

Talvez, a palavra em xeque seja a ficção. A parceria jornalismo e literatura já mostrou há muito tempo sua eficácia. Ela está presente na narrativa, na perspectiva, no olhar com o qual o escritor apresenta os fatos. E então ele vira autor, autor de um fragmento da realidade. E aí, já não se pode mais separar o jornalista do escritor como tentou fazer o mediador André Nigri quando, ao se dirigir a Edward Pimenta, disse “vou fazer uma pergunta ao Edward escritor, não o jornalista”. São todos em um só e que se encontram na narrativa. A escolha é entre o uso ou não da ficção.

Para Lira Neto, há tantas histórias reais a serem contadas que a ficção não o seduz. O resultado é proveniente do que se consegue alcançar desse real, e por isso é tão instigante. Não se há o relato por inteiro da realidade, porque ela é intangível. “Não se consegue tocar o real, mas visões desse real”, ele diz. Resta ao relato a aproximação com a experiência vivida e a tentativa de organização desse real. E, por mais que a biografia e relatos jornalísticos estejam associados aos fatos, não significa que o espaço para a criação esteja fechado.

Paulo Markun não escreve ficcção porque é covarde. Foi ele mesmo quem disse isso. Mas, se o sujeito for mais atrevido, pode e deve escrever ficção. “Já que vai inventar, invente mesmo e diga: essa é uma história de ficção baseada no real.”, disse o autor. Sendo assim, a ficção nasce de uma percepção do mundo, de um olhar que excede a realidade mas que é proveniente dela.

Há, então, um componente não de invenção, mas de imaginação. A dedução, as inferências, os relatos, a forma como se decidiu contar tal história, gera a proximidade do jornalismo com a literatura e a ficção. Mas, não é invenção. Mas, é uma construção da realidade e é isso que deve ficar bem esclarecido. Tanto para os jornalistas, quanto para leitores.

Allãn Passos, Amanda Rodrigues, Enrico Mencarelli, Leidiane Vieira, Lucas Vasconcellos, Luiza Lourenço e Tábata Romero.

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