Posted by admin On novembro - 18 - 2010
Por Ana Beatriz Noronha, Ana Carolina Meirelles, Natália Goulart, Raísa Geribello
Domingo, três de outubro de 2010. Dia de eleição. O dia amanheceu, como de infeliz costume, com as ruas impregnadas de papeis tomando suas esquinas, ocupando seus bueiros. O clima impreciso – céu parcialmente nublado, temperaturas categóricas, ventos inesperados – e oscilando na maior parte dos estados brasileiros parecia refletir o espírito nacional de algumas incertezas cravadas, muito embora as pesquisas determinassem já os rumos futuros.
Em todos os canais, das mais diversas emissoras – cada um à sua maneira e linguagem – via-se refletido em suas programações o cenário nacional permeado pela eleição. No entanto, a despeito de toda a cobertura, desde entradas ao vivo à debates propostos por cada veículo, a emissora TV Globo, que se destaca por sua abrangência ideológica  no país, tranquilamente reproduzia a morbidez do sempre, velho e taxativo Domingão do Faustão.
Durante todo o período eleitoral, o telespectador de emissoras como Bandeirantes, TV Cultura, TV Câmara e Rede TV, acrescentava ao seu repertório político informações que davam suporte a reflexões sobre a conjuntura nacional. Enquanto essas emissoras entrevistavam políticos, sociólogos, jornalistas e economistas, o Faustão entrevistava Mariana Ximenes e mostrava ao seu telespectador a importância da novela no Brasil.
Enquanto Weslian Roriz garantia sua participação no segundo turno das eleições para Governador no Distrito Federal, enquanto Tiririca conseguia um milhão de votos e se elegia Deputado Federal mais bem votado, enquanto candidatos eram presos por crimes eleitorais, a Rede Globo insistia nas Vídeo Cassetadas e em despolitizar o cidadão brasileiro.
Curiosamente, em outros tempos, a emissora Globo mostrou-se engajada nas eleições. E curiosamente, quando se mostrou engajada, foi acusada de eleger Fernando Collor de Mello através da manipulação de trechos do debate protagonizado por ele e seu adversário Luis Inácio Lula da Silva. Já que a esperança é a última que morre, espera-se que a mesma emissora que noticiou o movimento Diretas já, como sendo uma grande festa em comemoração aos 430 anos da cidade de São Paulo, retire o nariz de palhaço, avise ao seu público que o picadeiro será desmontado e  faça jus ao seu belo discurso jornalístico comprometido com a sociedade.
Cidadania. A gente se vê por aqui?

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