Posted by admin On novembro - 17 - 2010

Na mesa mediada pela Prof. Dra. Marta Regina Maia, o tema “A construção de perfis no Jornalismo” foi discutido pelos jornalistas João Moreira Salles, fundador e publisher da revista Piauí, e Ubiratan Brasil, editor assistente do Caderno 2 e crítico literário do jornal O Estado de S.Paulo.

Atrás de desmitificar o advento da literatura no jornalismo, a discussão circulou em torno da adequação de uma nova narrativa, diferente do romance ou da ficção, mas também longe do discurso de objetividade curta e grossa do jornalismo diário. Segundo Moreira Salles, o tempo de produção é questão central que difere o “Jornalismo Literário” das outras vertentes.

A aplicação de um estilo mais literário ao jornalismo não garante que o texto seja bom. Existem bons e maus profissionais. O que muda é o modelo da narrativa, a fé que o jornalista dirige a um novo modelo possível. As épocas também são distintas. O espaço (Estados Unidos) e o tempo (décadas de 40 e 50) acabam por determinar o porquê desse modelo de jornalismo não ter impregnado no Brasil. O entretenimento era central por aqui, enquanto lá as escolas de jornalismo e as publicações recheadas de reflexão já eram definidos.

Ubiratan Brasil define o olhar como principal sentido do jornalista. A observação e a curiosidade são instrumentos imprescindíveis para a elaboração de qualquer pauta ou texto.

Especificamente, sobre a construção de perfis, Moreira Salles aponta para a importância do detalhe na hora da escrita. Em comunhão com Brasil, aponta para as miudezas do cotidiano, características que podem enriquecer e diferenciar um texto de todos ou outros que tratam do mesmo tema.

A paixão e o interesse também culminam como semelhança ente os jornalistas. Ambos dizem se envolver muito com o perfilado, e destacam o estabelecimento de uma espécie de batalha entre entrevistador e personagem: “A entrevista é uma sedução mútua. É um jogo sobre um entrevistado que quer induzir o jornalista e um entrevistador que deseja escapar e sobrepor-se”, diz João Moreira Salles. Ubiratan Brasil acrescenta: “A entrevista não é um papo de amigos, é um jogo, um trabalho”.

Os momentos finais da mesa abordaram a proximidade e a distância, fronteiras tênues e perigosas, no sentido em que são facilmente ultrapassadas. Para Moreira Salles, o jornalista deve estar muito bem preparado, a ponto de esquecer tudo o que sabe no momento da entrevista. Para Brasil, a fuga do trivial é determinante: “É nesse momento em que o detalhe faz a diferença, que a observação demarca os novos caminhos possíveis”.

O termo “jornalismo Literário”parecia não agradar nenhum dos jornalistas à mesa. Estes insistiam que a estrutura diferenciada no texto não deve influenciar no conteúdo, no momento que ficção e biografia, literatura e jornalismo, mito e perfil devem se distanciar.

Texto por: Allãn Passos, Amanda Rodrigues, Enrico Mencarelli, Leidiane Vieira, Lucas Vasconcellos, Luiza Lourenço e Tábata Romero.

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