Posted by admin On setembro - 9 - 2011
Por Ana Beatriz Noronha, Ana Carolina Meirelles, Natália Goulart, Raísa Geribello

Inevitavelmente, o que se vê nas notícias políticas é a mesma lógica de corridas de cavalos e jogos de futebol, transformando o cenário político em um ringue de lutas entre não mais candidatos, mas adversários como personagens.

A notícia do jornal O Tempo. Três Adversários contra Dilma, aborda os resultados do primeiro debate após o surgimento das denúncias de violações de sigilos fiscais na Receita Federal e da existência de uma rede de cobrança de propina na Casa Civil do Palácio do Planalto. As falas dos candidatos são reproduzidas entre aspas ao longo de toda a matéria, o que supostamente propõe o uso de técnicas nas quais o jornal se isenta das responsabilidades sobre o que divulga. Funciona também, em uma leitura superficial, para transmitir a idéia de pluralidade, com o auxílio de ‘várias’ vozes.

Nesse discurso leviano, o ringue se transforma em palco. A platéia desse espetáculo entende a política, mostrada pela mídia, como mais um entretenimento, que informa e diverte, mas não educa. As notícias e o próprio programa eleitoral não buscam aprofundar as propostas de cada candidato, e sim, manter uma troca improdutiva de idéias que não dão alicerce para a escolha do eleitor.

Mesmo com 14,1 milhões de analfabetos – o equivalente a 9,7% da população – e mais alguns milhões de pessoas sem registro, portanto sem direito de voto, o tratamento dado às eleições continua rico em melodramas e pobre em compromissos democráticos. Realmente, o futuro do país torna-se cada vez mais promissor.

A desconcertante situação visa construir contextos constrangedores que incentivam a escolha do candidato que menos cometeu erros em seu passado político, e não do pretendente à presidência que melhor representará seu personagem no próximo espetáculo do Brasil.

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