Posted by admin On agosto - 1 - 2016

Por Giselle Carvalho e Matheus Maritan

Cada vez mais as mídias estão transformando as reportagens informativas em conteúdos de entretenimento

Alguns veículos de comunicação usam de tragédias para transformá-las em espetáculos midiáticos, como recurso para  garantir os índices de audiência.

A partir dessa ideia, decidimos escolher o caso do goleiro Bruno, acusado de cometer  homicídio contra Eliza Samúdio em julho de 2010, com o intuito de verificar como esse assunto foi abordado pelos meios de comunicações.

A história de Bruno e Eliza, ganharam as manchetes dos jornais pela primeira em outubro de 2009, quando o jogador foi acusado de agredir a modelo. Acreditamos que por se tratar de um escândalo envolvendo uma personalidade conhecida, rapidamente os canais de telecomunicações enfatizaram o fato.

      Após a repercussão, a imprensa intensificou as apurações sobre o acontecimento, chegando a convidar Bruno para participar de programas televisivos e dar sua versão do caso. Por outro lado a vítima era tratada pelos , como uma ex-modelo, protagonista de filmes pornográficos e que se envolvia em relacionamentos amorosos com jogadores.

A narrativa midiática propôs uma sequência  da atualização dos fatos, a cada nova notícia eram levantadas hipóteses que davam subsídios de onde os restos mortais de Eliza estariam enterrados, levando o espectador a acompanhar cada novo detalhe.

O programa “A Tarde é Sua”, exibido no canal da Rede TV, apresentado pela  jornalista Sônia Abrão foi um dos programas que usou  uma narrativa sequencial dos fatos de forma massiva, expondo de maneira exagerada os personagens principais, além de explorar fontes ligadas ao casal.

O Fantástico da Rede Globo, conseguiu no horário nobre da televisão brasileira, entrevistar o menor envolvido no caso, primo de Bruno,  que contou em primeira mão, antes mesmo de ser ouvido pelas autoridades, que Eliza havia sido levada a um local afastado para ser assassinada. Bruno passou a ser acusado de assassino frio e cruel.

Durante o julgamento, Lúcio Adolfo da Silva,  advogado de defesa do goleiro, disse que a imprensa estava manobrando para condenar seu cliente. Além disso, ele  argumentou que não havia provas contra Bruno e pediu que os jurados não fossem escravos da mídia. A afirmação foi feita durante a sustentação oral na fase de debates entre defesa e acusação ao Tribunal do Júri de Contagem.

Todo o julgamento de Bruno, pode ser visto minuto a minuto no G1. As pessoas que acompanhavam pelo site, pediam que a justiça fosse feita e que Bruno e os setes envolvidos fossem condenados.

Bruno Fernandes, foi condenado pela Justiça de Minas a 22 anos e três meses de prisão pela morte e ocultação do cadáver de Eliza Samúdio, além do sequestro do filho de quatro meses.
Após a sentença, as notícias em torno do caso passaram a ser pra tentar descobrir onde o corpo de Eliza estaria enterrado. Aos poucos, o assunto foi deixando de ser manchetes nos principais meios de comunicação.

Em 2015, Gugu Liberato, em seu programa, na Rede Record, ficou frene a frente com o ex-goleiro, numa entrevista exclusiva onde  Bruno fez revelações inéditas ao apresentador. O programa bateu recorde de audiência, assim como na entrevista com Suzana von Richthofen.

No ponto de vista jornalístico, a forma como Gugu conduziu as entrevistas não foram as melhores. No caso de Bruno em questão, a entrevista foi ao ar em duas partes e a todo momento o apresentador deixava a amostra o envelope com  o resultado do teste de DNA do filho de Eliza.  O escrito proposital “Confidencial” instigava o público a ficar acompanhando até o final para saber do que se tratava.

O envelope, evidentemente, não revelou nenhum segredo, não mudou nada no caso, nem continha resultado de exame algum. Puro sensacionalismo e tentativa mal-disfarçada de segurar a audiência.

Por fim, percebemos que os veículos de comunicações não só utilizaram o viés jornalistico, mas também fizeram uma espetacularização midiática para aborda o “Caso Bruno. Ao qual consideramos um cinismo por parte dos meios.

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