Posted by admin On junho - 8 - 2015

Por: Daiane Bento, Eliene Santos, Jéssica Corona, Júlia Pinheiro, Monique Torquetti, Stela Diogo, Thatiana Freitas

A televisão, assim como outros meios de comunicação, possui um grande poder de influência sobre seus telespectadores. A opinião que muitas vezes ela assume atinge de forma direta ou indireta a sociedade. Para entender melhor, decidimos analisar a reportagem do Jornal Nacional, exibida no dia 13 de março de 2015, sobre as manifestações que mencionavam a situação do atual Governo Federal.  Pudemos observar que,  de forma indireta e discreta, o enquadramento da matéria direciona o telespectador a uma opinião já determinada pelo jornal.

Na matéria “Manifestações pacíficas reúnem milhares em 24 estados e no DF”, o âncora do Jornal, Willian Bonner, chama a reportagem ressaltando que as pessoas saíram às ruas para apoiar o Governo da Dilma. Porém, o repórter José Roberto Burnier deu um enquadramento diferente, quando enfatizou os dados numéricos dos manifestantes em cada estado, mostrando que a contagem realizada pela CUT – Central Única dos Trabalhadores – é sempre superior aos dados oficiais da polícia, passando para o telespectador que as pessoas que estavam nas ruas apoiando o Governo da presidenta eram a minoria dos brasileiros. Ainda, mostra que mesmo as pessoas que estão apoiando a Dilma, também querem uma reforma política, querem mudança.

No entanto, o enquadramento das imagens faz com que o telespectador pense que os dados numéricos dos manifestantes, informados pelos sindicalistas, são reais, em oposição ao da polícia, pois as imagens eram feitas em um ângulo onde havia grande quantidade de manifestantes.

A reportagem também mostra como os manifestantes ganharam transporte gratuito da CUT para comparecerem ao ato. Esse enquadramento dá a entender que as pessoas foram ao protesto por terem recebido algum tipo de benefício, e não pelo simples fato de quererem manifestar e defender algo que realmente acreditam.

No segundo momento da reportagem quando a âncora do Jornal, Renata Vasconcelos, fala sobre a opinião do senador Álvaro Dias, declarando que as manifestações não mobilizaram o país, fica bem claro a opinião do jornal. Ele enfoca uma fala que confirma o sentido da comparação dos dados numéricos dos participantes, que a todo momento destaca a CUT aumentando a quantidade de pessoas nos atos pelo país. O senador frisa que a publicidade do governo “está no fundo do poço”.

Na reportagem realizada em 16 de Março de 2015 sobre as manifestações contra a corrupção e o governo Dilma, ocorrida no dia anterior, o Jornal Nacional usa a mesma fonte da matéria citada anteriormente, o senador Álvaro Dias. O convidado critica o governo da presidente Dilma mais uma vez, e pede ao congresso que dê ouvido para o povo nas ruas. A escolha da fonte, aponta para a tendência na formação de opinião a respeito da insatisfação com o governo atual.

Mesmo nos quadros em que é dado voz ao governo atual e apoiadores, em momento algum é questionado o número de pessoas nas manifestações. Ao contrário disso a repórter faz questão de enfatizar como para os manifestantes e a polícia militar, o número era o mesmo. “Em São Paulo a manifestação ocupou a Avenida Paulista e várias ruas próximas. Segundo  os organizadores tanto quanto a PM de São Paulo, havia um milhão de manifestantes. Para chegar a este número, a PM usou uma ferramenta tecnológica com mapas e georreferenciamento, baseadas nas imagens aéreas colhidas por um dos helicópteros-águia na extensão principal da manifestação na Avenida Paulista e nas ruas próximas. Foi adotado como parâmetro de cálculo, naquele momento, cinco pessoas por metro quadrado. Já o Instituto Datafolha contou 210 mil pessoas, só na Avenida Paulista – a maior manifestação desde o movimento pelas Diretas.” (sic). O restante da programação do Jornal Nacional do dia 16 é levantando críticas ao Movimento Sem Terra, denúncias do Ministério Público ligadas ao governo e investigações da Operação Lava Jato, em que a âncora aponta ter recebido o nome de “Que país é esse?”.

Diante disso, é evidente a estratégia do Jornal Nacional em influenciar a opinião da população, não somente no que se relaciona à informação, mas também no que se refere a beneficiar determinados candidatos. Nesse caso, o Jornal utilizou mais de uma vez uma mesma fonte desfavorável ao governo, e buscou abordar nos demais quadros denúncias de corrupção, dando ênfase aos nomes ligados ao PT, deixando claro a manipulação dos fatos e a omissão de informações desfavoráveis à oposição.

 

Categories: Destaque, Texto

Leave a Reply