Posted by admin On maio - 5 - 2015

Por Daiane Bento, Eliene Santos, Jéssica Corona, Júlia Pinheiro, Monique Torquetti, Stela Diogo e Thatiana Zacarias

 Para a realização de mais um de seus programas, o Roda Viva convidou o economista francês, Thomas Piketty, para participação, onde falaria acerca de seu best-seller O Capital do Século XXI. Porém, o que o entrevistado encontrou não foi o esperado. Uma bancada pronta para induzí-lo a assumir seus pontos de vista sobre a economia e desigualdade brasileira o aguardava.

Com um formato de roda, como o próprio nome diz, o programa trouxe nessa edição alguns jornalistas especializados em economia, além de profissionais da área. O que poderia ter sido um espaço de aprendizado sobre as teorias e comprovações do livro de Piketty, tornou-se um ambiente de postura arrogante e autoritária por parte dos entrevistadores presentes.

Piketty enfrenta dificuldade em expor opinião contraria a de maioria da mídia brasileira. Créditos: Foto/Reprodução

Em várias mídias, a repercussão do programa se deu de forma negativa, não pela postura do economista, mas sim pela bancada extremamente interessada em defender seus interesses de cunho político e social. Em contraponto a esta postura, o economista foi brilhante durante o programa. Além de conseguir escapar da arrogância dos participantes, disse coisas mais úteis do que a grande mídia brasileira diz todos os dias acerca de economia. Piketty apontou o problema da desigualdade e os caminhos para resolvê-la também.

Os membros da mesa portaram-se como se fossem os entrevistados, além de contarem com um moderador totalmente despreparado. Perguntas muitos longas, interrupções grosseiras, ironia e deboche enquanto o entrevistado falava. Tais atitudes transpareceu uma inconformidade em relação a opinião do entrevistado e a dificuldade em lhe darem com a voz divergente ao da maioria ali presente. O que Piketty constatava, que a grande concentração da riqueza nas mãos de poucos é uma ameaça à democracia, causou um visível desconforto aos entrevistadores. Não estamos dizendo que o francês é inatacável de críticas, o seu livro já recebeu análises convincentes de ambos os lados, porém, foi igualmente respeitado pela sua pesquisa histórica de mais de 15 anos. O que infelizmente ele não teve no programa Roda Viva. Thomas Piketty pode constatar, com toda certeza, como é difícil ter uma opinião diferente da mídia tradicional brasileira.

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