Por: Luana Barros, Luíza Lacerda e Moisés Mota

O papel mediador do jornalismo econômico e os percalços sociais e ideológicos da mídia brasileira

A grande mídia possui uma alta concentração de informação que, por diversos motivos, não é compartilhada de modo a instaurar o debate nas esferas públicas. A entrevista de Piketty é mais um episódio que suscita a reflexão sobre a função social da imprensa no jornalismo econômico. As informações são mesmo para todos os públicos e atingem todos os níveis de interesse? Obviamente, a vida econômica de um país é algo muito importante para todos, uma vez que atravessa as decisões e preocupações dos diversos papéis assumidos pelo cidadão, seja ele um consumidor comum ou um grande líder do mercado interno e externo do país.

Temas como a alta do dólar e a inflação, são mesmo elucidados conforme deveriam? O convidado da noite, para o incômodo da maioria, defende a tese de que “políticas econômicas não devem ficar restritas aos economistas”, e  esta sentença nos vale a análise. Em alguns momentos da entrevista, foi perceptível um certo desconforto dos entrevistados em relação às ideias articuladas pelo convidado. Inclusive, quem mais esteve em confronto com as teses e opiniões articuladas por Piketty, foi o economista e criador do Plano Real, André Lara Resende. Perguntas extensas e indutivas descaracterizaram os propósitos da entrevista e das funções que cada um deveria assumir na concepção do programa.

“Políticas econômicas não devem ficar restritas a economistas.” defende Piketty

Os cadernos de economia não são os preferidos pelo grande público, mas é preciso questionar a democracia dessas informações. São mesmo claras e niveladas? As pautas econômicas são restritas à especialistas, ou se tornam inacessíveis para corroborar com o objetivo da imprensa de agendar determinados temas em detrimento de outros? De fato, o jornalismo econômico brasileiro ainda precisa de largas evoluções, produtivas e ideológicas, para cumprir de maneira efetiva sua função social.