Posted by admin On junho - 2 - 2014

Por Ellen Nogueira, Hélen Cristina, Jéssica Moutinho, Roberta Nunes e Teka Lindoso

No dia 14 de abril deste ano, o corpo de Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, foi encontrado enterrado em um matagal, na cidade de Frederico Westphalen, no Rio Grande do Sul. No mesmo dia, a madrasta Graciele Uglione, o pai Leandro Boldrini e a assistente social, amiga do casal, Edelvania Wirganovicz, foram detidos, suspeitos de aplicar uma injeção letal no garoto.

Inicialmente o caso foi considerado um desaparecimento, a partir da denúncia de Leandro, que divulgou o fato na imprensa local. A história de um pai em busca de seu filho repercutiu, comovendo a população. A primeira notícia sobre o desaparecimento, em um veículo de grande circulação, foi publicada no jornal Zero Hora, de Porto Alegre, no dia 14 de abril. Um dia depois foi divulgada nas grandes mídias a prisão dos três envolvidos e o local onde foi encontrado o corpo de Bernardo. Com o desfecho da história a população se sentiu enganada. A cada nova notícia eram levantadas hipóteses que davam subsídios para a revolta da população com a frieza dos suspeitos.

Após a repercussão, a imprensa intensificou as apurações sobre o acontecimento, chegando a compará-lo com o caso de Isabella Nardoni. A proximidade nos dois casos refrescou a memória do público e da mídia, e o tema passou a ser divulgado com frequência pela imprensa de várias localidades. Assim como no caso da menina, o de Bernardo traz uma característica de expectativa do público. A narrativa midiática propôs uma sequência de atualização dos fatos que envolve o espectador a acompanhar cada novo detalhe divulgado. Esta característica da estrutura narrativa sequencial faz com que o a sociedade se sinta parte dos acontecimentos, com direito a dar opinião e a exigir ações que punam os acusados.

O jornal Zero Hora traz em sua página da internet uma sequência diária sobre a evolução do caso, assim como a página virtual do G1. A mídia regional trata a notícia com mais riqueza de detalhes mostrando fotos, depoimentos de conhecidos e narrativas familiares. Já a imprensa de outros estados trata o acontecimento de maneira curta e precisa.

A grande imprensa deu atenção às notícias sobre Bernardo após identificá-lo como semelhante a casos de grande repercussão.  A cada novo desabafo mostrado em sites e telejornais, a população se revolta por encontrar fragmentos de uma história que entra em desacordo com a instituição família. A mídia identifica estes aspectos populares e usa a seu favor.

 As publicações são legitimadas através da apropriação da fala de pessoas que são referências no caso para dar veracidade às notícias veiculadas pela mídia. As notícias geralmente têm como título frases e declarações dos envolvidos no caso, como nas publicações: “Amiga de madrasta diz que ajudou a matar Bernardo Uglione por dinheiro” e “Delegada diz ter certeza da participação do pai em morte de menino que chocou o RS”. No caso Bernardo a divulgação midiática tomou rumos de acusar os suspeitos, mas com certo jogo de cintura, sem usar a demasiada exposição visando somente audiência.

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