Luma Oliveira*

“A leitura do mundo procede a leitura da palavra.”

(Paulo Freire)

Aprender sobre o mundo da mídia e decodificar as informações implícitas e explícitas, não é tarefa fácil. Durante algumas semanas, em projeto desenvolvido pelo Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) junto com o departamento de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto, alunos, entre 10 a 16 anos, tiveram a oportunidade de ir além das aparências do jornal e compreender os enunciados das narrativas jornalística.

A utilização de diversos periódicos, na sala de aula, foi o primeiro passo para a leitura dos adolescentes. A partir dos exercícios, eles puderam dar início a formação crítica de leitores, tendo diferentes visões sobre matérias escolhidas por eles. O grande desafio foi tornar explícita as suas opiniões sobre as reportagens, mas não demorou muito para que eles viessem a se soltar.

De forma atraente, vários jornais foram expostos em uma grande mesa. O trabalho despertou o pensamento para a compreensão das reportagens e criou espaços para a socialização entre eles e discussão sobre os temas.

Para o enriquecimento do debate e baseado no aprendizado que nós, estudantes da disciplina de Crítica de Mídia, tivemos ao longo do semestre, um conceito mais amplo foi abordado, possibilitando o entendimento sobre o gênero discursivo, a crítica.

Na perspectiva adotada, o outro lado do jornal foi estudado, assim como fizemos ao longo do período, a partir da identificação de fontes, discursos e reparando os detalhes importantes que são deixados de lado na reportagem. Um dos primeiros passos da crítica de mídia é identificar a legitimidade das informações fornecidas, analisando a prática do jornalismo, sobretudo, nos aspectos éticos e políticos.

Não podemos deixar de afirmar, a experiência foi riquíssima. Além da interação com os meninos do CRAS, servimos de apoio para que eles desenvolvessem um senso crítico e se tornassem formadores de opinião, através da liberdade de pensamento.

*texto revisado apenas pelo autor.