Posted by admin On fevereiro - 25 - 2014

Francine Vilas Boas*

Observar novos mundos, acalentar os ouvidos com vozes finas e vergonhosas que pouco ultrapassavam os lábios. Com uma vergonha aqui, um gaguejo acolá tivemos a licença de um grupo de adolescentes em adentrar alguns minutinhos das suas tardes e dialogarmos sobre a importância em se ler as notícias diárias, e principalmente com um olhar crítico sobre as mesmas.

Trazer pro nosso universo acadêmico crianças que, com seus 13 e poucos anos e de um círculo social bem oposto ao nosso, proporcionou grandes riquezas e mostrou cada vez mais o quão importante é se ler um jornal, e sobretudo estar em dia com as notícias do Brasil e do mundo. Alertou ainda mais, como jornalista, o dever em se levar ao público uma notícia honesta e de acordo com a realidade.

“A hipótese, portanto, é de que o jornalismo, independentemente da natureza do dispositivo econômico ou institucional que o abrigue, cumprirá inevitavelmente um papel emancipatório. “ – Luiz Martins da Silva, O Jornalismo como teoria democrática, livro: Vitrine e Vidraça.

Todavia, não há um jornalismo totalmente imparcial, existem várias angulações de uma mesma notícia, e perceber de um ponto de vista diferente como os garotos trouxeram, despercebidamente, em suas leituras uma noção de proximidade; comparando alguns aspecto das suas vidas particulares ao que estava sendo retratado no texto foi prazeroso, e mais surpreendente ainda foi ouvir os relatos deles a respeito do que estava escrito e perceber que trazendo pra própria realidade eles viram com outros olhos o que a matéria reproduzia…. “Preconceito” foi a palavra marcante desse momento.

O melhor retorno foi vê-los, de pouquinho em pouquinho, abrir espaço para aquele bando de universitários que eles intitulavam “professores” e que ficavam a todo momento falando nomes estranhos como “pauta”, “lead”, “tabloide” e se envolverem mesmo no projeto. Pensar em que história vou contar, quem vou entrevistar, como vou escrever se eu tenho dificuldades em escrever? Nada disso foi barreira para eles, com letras jovens e algumas belas histórias eles fizeram de mim uma bela aprendiz…

 *texto revisado apenas pelo autor.

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