Posted by admin On fevereiro - 14 - 2014

Thiago Huszar

Desde seu início a ANDI trabalha com o intuito de fortalecer o diálogo profissional e ético não apenas entre as redações, faculdades de comunicação e de outros campos do conhecimento mas também alertando os poderes públicos e as entidades relacionadas ao desenvolvimento sustentável e direitos humanos, pois acredita que somente por meio desse diálogo franco se poderá levar à sociedade a discutir abertamente sobre diversos casos que, geralmente, são tratados como tabu ou abordados de maneira errada pela mídia, o que é o caso das drogas.

Para promover o debate a cerca deste tema, buscando não apenas soluções, mas sim abrir a visão da sociedade em geral, a ANDI em parceria com o Ministério Público, primeiramente, elaborou uma pesquisa quanti-qualitativa em que analisou a produção editorial veiculada entre agosto de 2002 e julho de 2003 por 49 grandes jornais brasileiros, três revistas de circulação nacional e 22 veículos da chamada Mídia Jovem, após isso, reuniu jornalistas, pesquisadores, redutores de danos, profissionais de saúde e usuários de drogas em um seminário, denominado “Mídia e Drogas – O perfil do Uso e do Usuário na Imprensa Brasileira”, para, guiados por essa pesquisa e um roteiro de sugestão, debaterem o assunto e elaborar recomendações que pudessem apoiar tanto jornalistas quanto fontes de informação para a construção de uma abordagem editorial mais qualificada do assunto.

Durante esse Seminário se constatou a constante dificuldade de se falar abertamente sobre Drogas no Brasil e da urgente necessidade de socialização do conhecimento sobre o tema, ou seja, a necessidade de se discutir e tornar claro que as drogas estão muito mais relacionadas à uma questão de saúde pública do que com a violência que, normalmente é relacionada.

A intenção é um diálogo aberto, dando atenção à todas as vozes sociais e justamente por conta disso o seminário contou também com a participação de usuários de drogas, muitas vezes calados pelo preconceito e pela ignorância, pois a ANDI acredita que essas vozes poderão causar uma reflexão mais madura e equilibrada na sociedade dando chance à criação e novas políticas em relação as drogas, políticas essas que reconheçam o usuário enquanto sujeito de direitos e deveres e abram espaço para os programas de Redução de Danos. Políticas que aceitem o fato de existirem vários tipos de usos de drogas que vão do recreativo à dependência e que, principalmente, não ignorem as questões sociais, econômicas, políticas e culturais que permeiam esses diversos usos.

A verdadeira intenção da ANDI com esse estudo é, não somente, acabar com estigma que cerca os usuários e desviam o foco dos verdadeiros fatores que podem ocasionar a procura pelas substâncias psicoativas, mas também facilitar a prática cotidiana dos profissionais que, diariamente lutam pelo fortalecimento dos parâmetros de um jornalismo socialmente responsável na mídia brasileira.

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