Posted by admin On janeiro - 30 - 2014

Raquel Satto e Sandro Aurelio

A Carta Capital é uma revista semanal, criada por Mino Carta, vendida em todo o território brasileiro, com foco principal em política e economia. Sobre qualquer assunto, a Carta sempre tende a ter uma visão de esquerda sobre os fatos. Por vezes essa tendência à esquerda faz com que a Carta apresente uma visão frontalmente contrária às outras publicações (principalmente as semanais). Sem entrar em méritos de qual lado está mais certo, ou qual publicação é mais competente, essa diversidade de visões é positiva ao jornalismo.

Com uma linha editorial bem clara e uma equipe de jornalistas enxuta, é fácil identificar como a publicação trata a questão das drogas. Antes que se faça uma análise sobre matérias anteriores sobre o assunto, a edição de número 748 é de uma coragem poucas vezes vista no jornalismo brasileiro. A capa com o título “legalizem as drogas!” com ponto de exclamação, mostra que a revista é amplamente favorável, não só à descriminalização, como também à legalização. O subtítulo “seria o fim do tráfico e da violência a eles associados” recebeu críticas negativas, já que acreditar que a simples legalização acabaria com o tráfico é de uma ingenuidade gritante. No entanto essa “ingenuidade” não aparece dentro da revista.

A matéria, intitulada “É hora de pensar diferente” e assinada por Willian Vieira, conta com bons argumentos, sustentada por pensadores de áreas diferentes. Enquanto o Drauzio Varella se diz favorável à legalização da maconha por motivos medicinais, por exemplo, Eduardo Graça exemplifica o fracasso da repressão nos EUA, onde apesar dos mais de um trilhão de dólares gastos na guerra às drogas nos últimos 40 anos, o consumo de drogas vem aumentando. Para o leitor que está acostumado a refletir e se informar sobre o assunto, os argumentos usados pela Carta não foram exatamente novos, porém, para um leigo no assunto, se mostrou um ótimo resumo de toda a problemática do mercado ilegal de drogas no mundo. Para alegria do rapper Bnegão, a revista mostra a diferença entre megatraficantes e meros funcionários do narcotráfico.

Segundo a reportagem, “a liberação das drogas afetaria mortalmente o narcotráfico, e por extensão, bancos dedicados à lavagem de dinheiro e à máquina da corrupção policial e política. A mais provável consequência seria, portanto, a redução da violência e, o controle mais eficiente do consumo” (pág 22). Damon Barret, diretor do International Center on Human Rights and Drug Policy, sugere equiparar, em termos de regulamentação, drogas leves como a maconha ao álcool e ao cigarro. Essas “drogas mais leves” seriam taxadas e o dinheiro poderia ser revertido para projetos de saúde.

O fracasso da guerra às drogas é explorado com uma eficiência tão grande que muito dificilmente alguém pode ler com atenção a matéria e não chegar à conclusão de que o atual modelo repressor não chegou nem perto de chegar perto de funcionar.

Dentro do site da Carta Capital há ainda a hospedagem de alguns blogs, com o da jornalista Cynara Menezes, “Socialista Morena”. Cynara já fez vários posts sobre drogas em seu blog, sempre mostrando ser a favor da legalização.

No página principal do site da revista, as últimas matérias sobre drogas tiveram estes títulos:

  • “Chefe de polícia na Inglaterra pede fim da guerra às drogas”;
  • “Leitores aprovam legalização das drogas”;
  • “Colômbia propõe descriminalizar dose mínima de drogas sintéticas”;
  • “Legalização das drogas é defendida por figuras mundiais relevantes

Tais títulos mostram perfeitamente como a revista trata o assunto das drogas. Lamentavelmente há bem pouco debate na imprensa sobre a problemática das drogas. Entretanto, como o tabu social vem diminuindo (de forma lenta, é verdade, porém é inegável que existe uma evolução) a tendência, da mídia e da sociedade, é tratar a questão das drogas de forma cada vez mais liberal.

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