Posted by admin On setembro - 3 - 2013

por Daniele Diehl, Giovana B e Thaís Corrêa

Uma vez escolhidos os sites Terra e Uol para análise, foi realizado um levantamento das matérias que começaram a surgir durante as manifestações. Analisamos sua dimensão discursiva — abordagem, enquadramento e contexto — e seus aspectos formais — construção de linha do tempo, multimidialidade, participação do público, entre outros.

O enquadramento, muitas vezes limitado,acompanhava as mídias tradicionais, não trazendo nenhum elemento novo ao discurso, apenas fotos e acesso a uma linha do tempo bastante defasada. Os dois sites possuíam um tipo de cobertura muito parecida, que se inicia com o discurso que dáênfase ao vandalismo das classes médias, caminhando para enaltecimento dos jovens pacíficos nas ruas. A abordagem do temanão possuía, no entanto, um espaço específico para o assunto nos dois portais, dando preferência para outros temas até mais antigos (como o caso da boate Kiss).

Como são veículos online, eles possuem a possibilidade de cobrir as manifestações das mais diversas formas que ouso da plataforma digital permite, se valendo de recursos do webjornalismo como o jornalismo colaborativo. Ambos os sites reservam um espaço destinado à interação do público que contribui com o papel do jornalista enviando conteúdo como textos, vídeos e áudio. No Terra, a área destinada a este fim é o “Você Repórter” enquanto que no Uol chama-se “Você Manda”, além, é claro, do espaço destinado aos comentários dos internautas em ambos os casos. Este processo de integração de um público mais amplo na produção da informação foi notável nos dois objetos de análise, pois permitiu ampliar o olhar do público em geral sobre o que estava acontecendo nas ruas ao agregar diferentes pontos de vista.

Já em relação à instantaneidade, muitas vezes desatualizados, ambos os veículos noticiam o que ocorre nas manifestações, mas não com a agilidade que a internet permite. Esse atraso fez com que não houvesse diálogo com a plataforma, deixando de atender às necessidades de informação rápida da sociedade. Por causa disso, acabou seabrindo espaço para meios alternativos como o mídia ninja e tantos outros repórteres de Facebook e livestream realizarem coberturas que chegam a beirar o amadorismo, mas que, de certa forma, atenderam à ânsia de comunicação imediata da população.

Esse contraponto entre os potenciais da mídia tradicional e das novas mídias alternativas leva a uma reflexão:Qualquer cobertura jornalística deve acompanhar a discussão em pauta na sociedade de maneira completa e imparcial. Sendo assim, por mais que o mídia ninja, por exemplo, defenda que cumpre esse papel com a vantagem, segundo ela, de assegurar a rapidez da informação e a vivência direta da notícia nas ruas, ao mesmo tempo pode pecar pela falta de reflexão ou pela rapidez do momento.

Ainda de acordo com esta reflexão, é possível pensar em um jornalismo mais “completo” que seria realizado conjuntamente pelas mídias tradicionais e sua credibilidade; pelas mídias alternativas e suas qualidades e vantagens, bem como pelo “jornalismo cidadão”, no qual o público, mesmo sem essa intenção, acaba atuando como um jornalista e colabora para a construção das notícias. Isso ampliaria e diversificaria avisão sobre os acontecimentos e, consequentemente, tornaria o jornalismo mais democrático.

Conclui-se, portanto, que os portais analisados, Terra e Uol, precisam melhorar o problema da temporalidade, uma vez que eles não se preocuparam em organizar as datas dos acontecimentos e as sequencias dos eventos para seus públicos. Essa desorganização faz com que matérias importantes percam sua visibilidade no interior do site de modo que o público acaba sendo limitado no seu direito de acesso a informação e na sua possibilidade de exercer sua cidadania discutindo-as.

Categories: Destaque

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