Posted by admin On agosto - 20 - 2013

por Giuseppe Rindoni, Lara Beatriz, Luís Fernando e Thiago Novais

O jornal Brasil de Fato é um semanário nacional que foi lançado no Fórum Social Mundial em 2003. A publicação foi criada pela união de movimentos sociais como Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-terra, Via Campesina, Consulta Popular e as pastorais sociais. Com abrangência nacional, o Brasil de Fatotem maior circulação em São Paulo, mas ao longo desses 10 anos atingiu outros grandes centros e hoje conta com edições estaduais gratuitas no Rio de Janeiro e, desde maio, também em Minas Gerais. Na versão impressa e no site, verifica-se uma produção de matériasproduzidas, em parte, por colaboradores especialistas, como sociólogos, economistas e cientistas políticos.

O foco do jornal é a política brasileira, embora ele não negligencie o quadro mundial e dê destaque à América Latina. Os temas, em sua maioria, circulam entre as agendas política e cidadã, com uma tendência para questões e movimentos sociais, como acontece na edição 538, de 20 a 26 de junho, que dedica boa parte de suas dezesseis páginas à mobilização em todo país pela redução da tarifa de transporte urbano eao Estatuto do Nascituro.

As editorias Brasil, Cultura, América Latina e Internacional, nas edições analisadas, não configuram cadernos específicos, mas aparecem com frequência e apresentam pouca variação no volume de páginas dedicadas. A editoria Brasil, nas quatro edições analisadas, abordou com mais frequência alguns assuntos como, a democratização da mídia no Brasil, discutindo um novo projeto de lei para a regulamentação dos meios de comunicação. Também denuncia o monopólio midiático da Rede Globo e seu pioneirismo no pagamento de bonificações a agencias de publicidade por volume de vendas de contratos principalmente para os governos, como exemplo o caso do mensalão. E ainda questiona a influência dos oligopólios midiáticos na manutenção de ideais conservadores que impedem a discussão por reformas de base no país. Essa ideologia, alinhada a perspectivas de reformas estruturais no país, determina o viés dos anunciantes, entre propagandas do governo federal e cooperativas.

Pela periodicidade semanal do jornal as matérias mais frequentes são reportagens, artigos e crônicas, versando sobre causas sociais, mobilizações populares — suas lutas, objetivos e implicações de ordem legislativa, judiciária e executiva. Dentro desses assuntos, as fontes mais ouvidas são os líderes de movimentos sociais, ativistas e vítimas de misérias sociais como, os familiares do indígena Oziel Gabriel, morto na reintegração de posse ocorrida em Sidrolândia (MS). Esse perfil opinativo, demonstra características editoriais de revista, tanto pela maior apuração e aprofundamento na discussão, quanto pela liberdade na apresentação de suas capas que também figuram imagens ilustradas.

O planejamento visual se difere da maioria dos jornais, alternando espaços livres a esquerda na matéria superior e a direita na inferior de cada página e padroniza a maioria das páginas em um grid de quatro colunas.As edições apresentam ousadia nos desenhos entre os artigos, incluindo as charges do Latuff com críticas muito explícitas eas fotografias geralmente são enviadas por diversos colaboradores.

O que também chama bastante atenção é que a editoria de Cultura, também segue a linha editorial junto às mobilizações sociais. A edição 535, 30 de maio a 5 de junho, aborda o Teatro Procissão, uma peça montada em quatro atos com 250 militantes do MST no elenco, baseada em relatos de sobreviventes de uma tragédia.

Assim, o jornal Brasil de Fato tenta recuperar a orientação das matérias para o sentido popular, tanto em suas pautas como em suas narrativas, aproximando os fatos, dados e decisões dos poderes do Estado, ao cotidiano, as causas e lutas da classe trabalhadora.

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