Posted by admin On julho - 9 - 2013

 

por Bruna Lapa, Filipe Monteiro, João Gabriel Nani,

Pedro Gomes e Osmar Lopes

 

A revista Piauí é uma publicação mensal editada pela editora Alvinegra e distribuída pela Abril. A Piauí foi idealizada e fundada pelo documentarista João Moreira Salles em outubro de 2006. Com uma estrutura inovadora, a revista não se atém a produzir notícias factuais, optando por abordar os temas da contemporaneidade de uma maneira mais aprofundada. Ao contrário do comumente pensado, a Piauí não se classifica como mídia de jornalismo cultural, apesar de ser, na maior parte das vezes, produtora e agregadora de cultura. A linguagem utilizada na revista traz características descritivas e ficcionais, que a insere no jornalismo literário.

Aliado ao caráter inovador e literário da revista, sua diagramação e planejamento visual é voltada para uma interface mais artística do que outras publicações costumeiras. Em sua maioria, as capas não trazem fotos nem manchetes, apenas ilustrações e o título das principais matérias. Em seu interior também é usual a utilização de ensaios fotográficos, quadrinhos e desenhos de variados tipos. A revista é impressa em papel tipicamente utilizado em livros e em tamanho maior do que os das revistas comuns, padrão já utilizado anteriormente pela publicação Caros Amigos. Além de não seguir uma linha editorial definida, a piauí possui um quadro de editorias mutáveis, tendo apenas algumas seções fixas. As editorias presentes em toda edição são: o diário da Dilma, colaboradores, chegada, perfil, esquina, poesia, quadrinhos, cartas e despedida. Outra característica da revista é a diagramação não é fixa, feita de acordo com o conteúdo de cada edição.

O maior diferencial da revista está em sua narrativa. As matérias da Piauí não seguem as normas utilizadas no jornalismo tradicional e o discurso nelas utilizado carrega marcas irônicas, poéticas e literárias. O que move o conteúdo da revista é o foco nas biografias, que transbordam os perfis e atingem a ampla maioria das matérias. Colheita Amarga, matéria de capa edição 78 da revista, é um exemplo de como a piauí salienta o entrevistado na reportagem. Nesta, ele descreve as pessoas envolvidas para contextualizar e explicar como a crise da cana abalou a economia de Sertãozinho, interior de São Paulo.  Dessa forma, a narrativa da revista torna-se marcada por narrativas biográficas que personalizam e aprofundam os temas abordados na publicação.

Análise dos “Perfis”

Presente em todas as edições da Piauí, o perfil fomenta ainda mais a perspectiva narrativa que permeia a revista. Os perfis nem sempre tratam de indivíduos popularmente conhecidos ou figuras públicas. Há uma variante no sentido que muitas vezes a narrativa traçada vai do contexto até o entrevistado, ou seja, um encontro entre a reportagem e o perfil.

Quanto à construção dos perfis, nota-se que sua “arquitetura” parte de duas premissas iniciais que norteiam todo seu conteúdo: a narrativa e a descrição. As abordagens buscam uma riqueza de detalhes para maior compreensão ao leitor, fator este que gera, por muitas vezes, uma aproximação com oentrevistado. Esta aproximação ocorre também em decorrência da não restrição de retratar somente o fato-perfil (fato da vida do entrevistado destacado na matéria; por exemplo, no perfil de Laerte, o fato-perfil seria o ato de se travestir), adentrando por diversas vezes a particularidades de sua vida.

Outro aspecto relevante, o tempo em que o perfil é construído varia. Destoante aos perfis costumeiros, que costumam sintetizar a vida do entrevistado como uma narrativa linear, o perfil da revista não se prende a tal. É comum encontrar perfis na piauí que são construídos a base de um só fato, como por exemplo o perfil “No mundo de Laerte”, na edição de abril de 2013, que trata exclusivamente da questão do cartunista se travestir. No entanto, durante o perfil, pequenos detalhes de sua história de vida aparecem, construindo a narrativa.

Assim, após a análise, podemos observar que o perfil é um fator crucial para o desenvolvimento da revista, já que ela baseia grande parte de suas reportagens na construção de perfis.

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