Posted by admin On abril - 15 - 2013

Por Ana Clara e Marina Ibba

Criada formalmente em 1993, mas atuando de maneira voluntária desde 1990, a Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI) é uma organização da sociedade civil, sem fins de lucro e apartidária, que articula ações inovadoras em mídia para o desenvolvimento. Suas estratégias estão fundamentadas na promoção e no fortalecimento de um diálogo profissional e ético entre as redações, as faculdades de comunicação e de outros campos do conhecimento, os poderes públicos e as entidades relacionadas à agenda do desenvolvimento sustentável e dos direitos humanos.

 

Fizemos uma análise das edições do Jornal O Tempo – Belo Horizonte do dia 12 de março de 2013 até o dia 16 de março do mesmo ano, seguindo as propostas da ANDI. Dentro das categorias de análise, Gênero- Diversidade Sexual – Direitos humanos, o veículo apresentou assuntos/fatos/acontecimentos em comum nas edições escolhidas:

  • Nas páginas estudadas (4 edições com 36 páginas), apenas 6,2% da mancha corresponde  aos assuntos apontados acima. O veículo apenas apresenta as situações sem discorrer sobre a relevância de cada tema na sociedade. Tendo em vista que a responsabilidade da imprensa, ao tratar dos direitos humanos, é justamente fortalecer o debate público com o intuito de contribuir para a formação crítica de leitores-cidadãos, além de denunciar a violação desses direitos. A abordagem apresenta poucas fontes ou nenhuma, podendo ser considerada Gênero – Caso Mércia e O dia da mulher;
  • Homofobia – O recém-eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), Pastor Marco Feliciano e a repercussão de sua eleição na população; Deputado federal Jair Bolsonaro (PP), sua postura e apoio ao Pastor;
  • Diversidade Sexual – Papa Francisco I e seu posicionamento sobre a união homoafetiva.

superficial e insuficiente em conteúdo informacional.

“Apenas cinco Estados têm conselhos para questão LGBT”, apesar de ter destaque na edição de 16 de março e evidenciar um assunto de certa forma com valor-notícia exponencial, as informações apresentadas têm caráter estatístico e as funções dos órgãos citados não são esclarecidas, o que acaba provocando uma dificuldade de aproximação da relevância da matéria com a comunidade.

O espaço dedicado a essas questões é reduzido, as matérias são escassas. Por meio de notas o jornal apresenta fatos que, devido a abrangência de valores desses acontecimentos dentro da sociedade brasileira, merecem mais linhas e explicações. Dentro da editoria Brasil, na edição do dia 14 de março, a nota intitulada “Transexual fará cirurgia de mudança pelo Estado” conta com 8,95% de uma página.  A notícia é rápida e pouco informativa, uma vez que não conta com fontes oficiais para tratar do assunto. Apresenta também o transexual ora como ele, ora como ela e o chama pelo nome de batismo, contrário ao desejo explicitado pelo mesmo.

A notícia, de pouca abrangência, é também vaga ao dissertar sobre as implicações legais do fato. O direito adquirido não só em torno da possibilidade de cirurgia financiada pelo Estado como também a mudança de nome e gênero nos documentos oficiais, são conquistas que merecem destaque, pois carregam a ideologia e vontade não só do indivíduo em questão como também de toda uma comunidade.

Os temas abordados tratam de minorias, mas refletem na sociedade como um todo, questões de gênero, de diversidade sexual e direitos humanos são de interesse público e merecem espaço não só nos veículos de comunicação como também no meio social. É dever, portanto, dos meios de comunicação, colocá-los em pauta, não só como mera informação, mas tratando-os com a importância e delicadeza que merecem. As leis devem ser melhor definidas pelos meios e as implicações no contexto social também. Assim como o grãos, que alimentam os galináceos, as minorias também, se unidas, e valorizadas, contribuem para a melhoria do  contexto social em que nos inserimos. De minoria em minoria formamos uma sociedade mais plural e consciente de seu poder e principalmente de seus direitos.

A proposta analítica inicial foi selecionar, dentro do conteúdo do jornal, a temática da diversidade sexual. Porém essa abordagem se mostrou indireta e pouco evidenciada. Observamos, no veículo estudado, a ausência dos assuntos relacionados ao tema proposto. Então, em virtude do fato, decidimos dissertar acerca, não só da importância em evidenciá-lo de forma mais papável e direcionada, como também, ampliar nossa busca em questões mais abrangentes como gênero e direitos humanos (homofobia), como bem pautado na página da ANDI, em seu sítio http://www.andi.org.br.

 

 

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