Painel 1: preparativos para a Copa do Mundo em debate

por Leilane Stauffer – UniBH

O último dia de atividades do Intercom Sudeste 2012 foi aberto, no Teatro Ouro Preto, do Centro de Convenções da UFOP, com o Painel 1 “Copas do Mundo: preparando o campo”. Diretamente relacionado ao tema do XVII Congresso de Ciências da Comunicação da Região Sudeste – Esportes na Idade Mídia –, o debate foi marcado pela diversidade de opiniões de representantes do ambiente acadêmico, da mídia e da organização da Copa. Com mediação da coordenadora geral do Intercom, Nair Prata, a historiadora Regina Helena Alves da Silva, o jornalista Chico Maia e o assessor de comunicação Rogério Bertho discutiram sobre o cenário que receberá um dos eventos mais significativos para o Brasil.

Rogério Bertho. Foto: Lincon Zarbietti

“O evento deixará valores e mudanças de cultura” – Rogério Bertho

O assessor de comunicação do Comitê Executivo da Copa do Mundo em Belo Horizonte, Rogério Bertho, apresentou o panorama do que tem sido feito pelos governos federal e estadual, comitê e pela prefeitura, para que Belo Horizonte atenda bem aos eventos em 2014. “O objetivo, hoje, é pautar o gasto do dinheiro público com o que será deixado de legado para a cidade”, pontuou Rogério. Segundo ele, as prioridades estão nos setores de infraestrutura esportiva, mobilidade, turismo e rede hoteleira, comunicação e marketing e utilidade pública. Com visão otimista, Rogério acredita que “apesar dos 30 dias de competição, o evento deixará valores e mudanças de cultura”.

Regina Helena Alves da Silva. Foto: Lincon Zarbietti

“No Brasil, planejamos mal e perdemos a oportunidade de preparar o futuro” – Regina Helena Alves da Silva

O contraponto foi estabelecido, em seguida, pela professora do Departamento de História da UFMG, Regina Helena Alves da Silva. Ela ressaltou a necessidade de compreender os impactos dos megaeventos e pensar, no caso da capital mineira, o que a Copa proporcionará. “Os megaeventos funcionam melhor com planos gerais de desenvolvimento urbano, e não com projetos agregados a planos. Isso faz parte de uma estratégia de planejamento”, constatou. “No Brasil, isso é muito difícil. Planejamos mal e perdemos a oportunidade de preparar o futuro”, criticou Regina.

Chico Maia. Foto: Lincon Zarbietti

“O que vemos é uma Copa de gastos suspeitos, exagerados e inúteis” – Chico Maia

O posicionamento da historiadora foi defendido pelo jornalista da rádio Alvorada, Chico Maia. Ele apontou algumas questões importantes que deveriam ser pensadas. Dentre elas, estão a falta de acessibilidade das cidades da região e os gastos mal aplicados. “Somos o pior estado, no que diz respeito à sinalização. O acesso a Ouro Preto, por exemplo, precisa melhorar. O que vemos é uma Copa de gastos suspeitos, exagerados e inúteis”, lamentou. Chico acredita na necessidade de transmitir boa impressão e promover campanhas educativas. “A Copa é, inevitavelmente, uma realidade e precisamos trabalhar para que ela aconteça”.

O debate despertou o questionamento: “O que queremos ganhar com a Copa?”. Para a historiadora Regina Helena Alves, “precisamos de transparência na gestão pública, de uma vida pública democrática e que o estado não abra mão de gerenciar a cidade”.

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