Coletivo de resistência realiza ato no ICSA
Após o afastamento da presidente Dilma Rousseff, em maio, professores e estudantes de Jornalismo da Ufop tiveram uma constatação: um novo governo estava se instalando no poder, com a ajuda da grande mídia e de setores conservadores da sociedade, e era preciso estar atento para quaisquer possíveis retrocessos, especialmente diante das conquistas das minorias. Na contramão desse movimento transitório do poder executivo, eles, então, se reuniram e realizaram no Instituto de Ciências Sociais e Aplicadas (ICSA), no dia 30 de junho, o 1º ato (R)existir é preciso: Jornalismo em tempos de golpe.
O ato consistiu em intervenções durante todo o dia, uma exibição comentada do filme “O dia que durou 21 anos”, apresentações musicais e uma palestra para encerrar o evento. O mote ‘resistência’ permeou todas as atividades. A escolha do palestrante, o jornalista Paulo Moreira Leite, do site Brasil 247, foi pensada a partir da necessidade de refletir o papel do jornalismo em um contexto político tão frágil. “Escolhemos o Paulo porque ele representa muitas coisas importantes em relação à boa prática do jornalismo: a resistência contra a ditadura e o compromisso social como ferramenta jornalística”, conta a professora Hila Rodrigues, uma das organizadoras do ato.
A aluna do 5o período de Jornalismo Mariana Viana ressalta a importância dessa articulação dentro da universidade: “A discussão sobre a situação política em que vivemos e as diferentes formas de promoção desse diálogo tornam o evento muito necessário”. A palestra, que funcionou em tons de conversa tamanha a interação com o palestrante, não ficou restrita somente ao curso de Jornalismo. Alunos e professores de História e Letras marcaram presença, além de professores também da área de Economia, Filosofia e Administração.
Lethícia Bueno, aluna do 3o período e membro do coletivo, conta um pouco da experiência de idealizar e produzir o primeiro ato do grupo. “Ter um evento dessa abrangência na universidade mostra que os estudantes não vão se calar, por mais que tentem nos barrar. Foi muito gostoso trabalhar com cada pessoa para fazer esse evento acontecer, porque cada um trouxe sua experiência, sua indignação e sua força de vontade de resistir. Nós sentimos e resistimos, não tenho dúvida. Espero que quem, como nós, tem coragem de resistir tenha ficado sabendo do nosso movimento, mande sugestões e venha participar. Esse foi o primeiro, mas nós cresceremos a cada ato”, afirma a estudante.
O coletivo (R)existir é preciso é construído por professores e alunos, com o apoio da Mídia Ninja e dos Jornalistas Livres e pretende, ainda, abarcar as comunidades de Mariana e Ouro Preto, entendendo o dever da universidade de atuar junto à população local. Com a proposta de preparar um evento a cada mês, o coletivo busca desconstruir e desmanipular discursos que estão constantemente sendo veiculados e que não condizem com o propósito de um jornalismo aliado à democracia e defensor da pluralidade de vozes.
Reportagem Francielle de Souza