Antes tarde do que nunca

Texto: Ana Luiza Batista
Foto: Rayana Almeida

De Belém do Pará à Santana do Livramento, já na divisa com o Uruguai, o Brasil acordou o gigante, pintou a cara e foi para a rua. Tudo começou no dia seis de junho, quando a população paulistana protestou contra o aumento de R$ 0,20 na passagem do transporte público. Cerca de 150 pessoas estavam no protesto. De lá para cá, centenas de cidade brasileiras resolveram ir à luta.

O estado de Minas Gerais também teve suas manifestações, a maior parte delas motivada pela precarização do transporte público e pela corrupção. Os protestos também tiveram um pouco de regionalismo e cada lugar teve suas reivindicações próprias: em algumas cidades,as manifestações foram contra os buracos nas ruas ou a favor de passarelas e radares nas estradas, entre outros.

As cidades de Ouro Preto e Mariana também tiveram as suas. Em Ouro Preto, a primeira manifestação  aconteceu no dia 19 de junho e contou com a participação de  cerca de 5.000 pessoas de forma totalmente pacifica. A população pintou os rostos, chamou quem estava nas sacadas  e lotou as ladeiras da cidade histórica  para reivindicar, dentre outras coisas, a redução no preço da passagem de R$ 2,30 para R$ 2,00 e questionar a falta de licitação para o transporte público municipal. Além desta, outro protesto aconteceu no dia 26. As reinvidicações foram novamente a redução imediata da tarifa do transporte público e agilidade no processo de licitação deste. No último dia trinta de junho , novamente a população foi à rua. O movimento Vem para rua OP montou acampamento em frente à prefeitura municipal de Ouro Preto. Eles exigiam a presença do prefeito para que as reinvidicações fossem imediatamente discutidas e atendidas.

Os moradores de Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto, também protestaram no dia 28 de junho. A população foi para BR 356, que corta o distrito, clamar por melhores condições de segurança na via, queda dos valores das passagens dentro do distrito e no itinerário da sede da cidade para Cachoeira do Campo.

 A primeira capital mineira também teve manifestações. No dia 21 de junho, aconteceu o “1º Ato – Acorda Mariana”, para conscientizar a população de Mariana em relação ao elevado valor da passagem de ônibus. Os moradores foram para a rua com cartazes onde se liam frases como “Na Arábia, os ladrões são amputados; no Brasil, são deputados”, “Candidatos abraçam um discurso barato. Quem paga a fatura e atura é a gente!”, dentre outras. A manifestação em Mariana já deu resultadoO prefeito da cidade confirmou a redução de R$0,15 no preço  das tarifas de transporte no município. Outro protesto aconteceu em Mariana no dia 26. Essa data marcou o ápice  destas manifestações em nosso país com mobilizações em cerca de 150 municípios. Mais de um  milhão de brasileiros foram às passeatas, segundo dados das Polícia Militar.

As redes sociais foram muito importantes para a realização destes protestos.A populaçao utilizou as redes para dar suas opiniões, marcaram manifestações, dentre outras.Sem esse boca a boca virtual não seria possível tanta gente em tantas cidades ter saído às ruas ao mesmo tempo, sem pertencer a nenhum partido.

O Brasil acordou e foi para a rua, antes tarde do que nunca.