Redes Sociais e suas contradições

 

Por:  Marcela Servano

Quando George Orwell escreveu “1984”, na década de 40, não estaria ele fazendo uma previsão do que se concretizaria no século XXI? O livro conta a história de uma sociedade sob um regime totalitário, governada por apenas um partido, que tem o controle total de qualquer tipo de informação que um indivíduo possa requisitar, levando as pessoas a viverem em um estado de alienação. Podemos dizer que o escritor estava certo ao prever que no futuro haveria conhecimento e avanços tecnológicos que possibilitaria a cada cidadão dar conta de seus passos e ações. A internet e, precisamente, as redes sociais funcionam como cães de guarda.

Para o Consultor de Marketing Empresarial Emerson Couto, essas mídias atingiram uma importância que não se pode ignorar . “As redes sociais provocaram grandes transformações em vários lugares do mundo, temos como exemplo o caso da “Primavera Árabe”, que derrubou os ditadores Muammar al- Gaddaffi, na Líbia, e Hosni Mubarak, no Egito; ambos estavam há anos no poder. Os protestos tiveram início com postagens no Twitter, Facebook e vídeos no Youtube”. As manifestações duraram de dezembro de 2010 a fevereiro de 2011.

No Brasil, em outubro do ano passado, as redes sociais foi a ferramenta para mobilização e divulgação da causa dos índios Guarani-Kaiowa, que foram ameaçados de ser expulsos do local onde estavam acampados, na Fazenda Cambará, no Mato Grosso do Sul. A repercussão se deu devido ao embate entre líderes indígenas e fazendeiros locais, que se declaravam proprietários das terras. Como forma de protesto, os índios declararam publicamente que iriam se matar caso fossem expulsos. Via redes sociais, surgiram manifestações em defesa dos índios, mobilizando parte significativa do país. A ação coletiva dos internautas, agendou o tema para mídia e levou o Ministério Público Federal, a intervir de forma favorável a permanência dos Guarani-Kaiowa nas terras.

Apesar de ser um recurso que pode mobilizar as pessoas em segundos, em torno de um tema de interesse público, pode também ser, apenas um meio de ter informação da vida particular do outro. A estudante de Filosofia, Beatriz Lino, 22, acredita que há uma contradição. Ao mesmo tempo em que vê a ferramenta como uma possibilidade de se expressar livremente, ela admite também que há uma imposição do meio. A estudante diz que foi praticamente coagida, pelos seus amigos e vizinhos, a criar um perfil no Facebook, já que não teria informações sobre a faculdade e do condomínio onde mora. Segundo ela, pois tudo é postado na rede.

O advento das redes sociais é algo recente na história contemporânea, o que gera reflexões acerca das possibilidades que a ferramenta oferece. Nesse sentido, ainda não se pode afirmar que a imposição do meio virtual será consolidada na sociedade. Porém, há uma revolução quanto às formas de democratizar a informação.