Ramon Cotta
Nesta edição teremos um Diário de Campo bem bacana sobre o distrito de Vargem. Nossa repórter Ana Carolina Meirelles e a fotógrafa Laura Ralola ficaram três dias por lá e trouxeram várias experiências que vocês poderão conferir na nossa edição. Estão ansiosos?
”Vou para a visita em Vargem sem suspeitas e com a mochila bem leve. Acredito que o jornalismo cultural se movimenta no interior da cultura, não observa à distância. Lá pretendo partir do outro e não de mim, escutar invés de perguntar, transformar em imagem cada detalhe percebido nas conversas e gestos… Arranco a venda dos meus olhos para enxergar mais uma cidade invisível. Simbora!” (Laura Ralola)
“A Vargem é resultado ou o início de uma inquietação mundana pelo que é desconhecido. Costura e desabotoa toda a prosa, subjetividade e objetividade que um lugar pode despertar. Quando o lugar é pequeno, afastado e cheio de histórias, não demora muito e ele vira folclore. É bem nonsense mesmo. Apesar de não ser Lévi Strauss, Darcy Ribeiro ou Castro Alves para falar de antropologia, povo brasileiro e escravidão, vou me apropriar do olhar solitário do viajante e do olhar inquieto de uma jornalista, para tentar descobrir o que a solitude do povoado da Serra do Carmo esconde. E se não esconde, trazer à tona, tornar visível este sub distrito de Mariana, que ainda hoje carrega traços e marcas da história da região. É pelas vozes que vou me guiar. Pela sensibilidade que aguça minha percepção, pela farejo da verdade, pelos mitos, pelo esquecimento. Será um relato, um baú cheio de papéis com letras escritas com pressa, sem capricho. Será o lugar, ali. Com tudo o que eu vivi dele e tudo o que ele viveu de mim”. (Ana Carolina Meirelles)