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A literariedade no jornalismo

Publicado em 31 maio, 2013, por em Notícias.

Raquel Satto

A primeira parte da oficina “Jornalismo e Literatura”, atividade realizada em parceria com o Fórum das Letras, foi ministrada por João Gabriel de Lima – escritor, jornalista e atual redator-chefe da Revista Época. Como parte de uma série de bate-papos que abordam a autoria nos textos jornalísticos, sua exposição sobre o jornalismo literário foi focada em análises de trechos do livro “Filme”, de Lilian Ross e permeada por “fábulas” de autores e suas reportagens.

Foto: Kaio Barreto

Ao elucidar a escolha do livro utilizado, João Gabriel citou um questionamento surgido na disciplina de Jornalismo Literário que ministrava: “quais são os grandes textos do Jornalismo, aqueles que são necessários para um jornalista conhecer?”. O consenso de seis livros considerados cânones básicos do Jornalismo resultou nos seguintes títulos: “Hiroshima”, de John Hersey; “Filme”, de Lilian Ross; “O Segredo de Joe Gould”, de Joseph Mitchell; “Radical Chique”, de Tom Wolfe; “A Sangue Frio”, de Truman Capote; e “Fama e Anonimato”, de Gay Talese.

Passando pela história da revista New Yorker – berço de um jornalismo mais autoral e fonte da qual os cânones beberam – e pelos pilares que construíram um tipo de escrita característico, João Gabriel percorreu várias referências do que conhecemos como jornalismo literário. Além disso, antes da análise dos trechos de “Filme”, narrou a história da concepção de “Hiroshima” para explicitar alguns aspectos que os dois livros têm em comum e introduzir a narrativa de Lilian Ross.

Após a leitura do primeiro trecho, levantaram-se  pontos da narrativa de Lilian Ross, como o uso de adjetivos em sua descrição minuciosa e a forma de apresentação dos “personagens” ao estilo de um conto, uma narrativa literária. O debate sobre a cena apresentada no trecho levou  à interpretação dos fatos narrados no contexto em que se apresentavam. Após a leitura de outro trecho, João Gabriel provocou uma análise de outras nuances da narração que explicitavam assuntos tratados na história do livro, como a hierarquia da esfera hollywoodiana e a rede de relações nesse universo.

Depois de ler e discutir a terceira passagem, ele pontuou “É tudo descrição, é tudo muito factual. Ela não opina hora nenhuma, mas usa os fatos para mostrar as ideias e o conhecimento que absorveu.” Ou seja, expressa por meio dos detalhes a sua opinião: “nada nos textos dela é por acaso.”

Junto a vários adeptos e adeptas do jornalismo literário, a estudante Martina Dias, da Univale, entende que esse jornalismo mais autoral “vai ganhar muita força daqui pra frente, até o telejornalismo faz isso. Não que distorça os fatos, mas é uma coisa mais cantada, um jornalismo que seduz mais.”

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