Marília Mesquita
2º período de jornalismo – UFOP
A quinta mesa temática apresentada no 9º Encontro Nacional de História da Mídia, em parceria com o Fórum das Letras, trouxe em debate “Mídia e Ditadura”, com mediação da professora Marta Maia, da Universidade Federal de Ouro Preto. Estavam presentes Audálio Dantas, Paulo Markun e Lucas Figueiredo, três relevantes jornalistas desse cenário genuíno da história política brasileira.
Na perspectiva do que foi a ditadura e sendo a imprensa a porta voz da sociedade, Audálio Dantas apresentou fatos da vida de Vladimir Herzog, diretor de jornalismo da TV Cultura e defensor ativo da restauração democrática após 1964, que, após ser convocado a prestar esclarecimentos sobre ligação com o Partido Comunista Brasileiro por agentes do II Exército de São Paulo, foi preso, torturado, morto e incriminado de suicídio pelo DOI-CODI.
Na retrospectiva do período, a mesa relembrou que durante os 21 anos em que os militares efetivamente assumiram a Presidência no Brasil, a imprensa foi alvo de controle, desde os primeiros anos. Jornalistas demonstravam resistência ao sistema vigente no país e se posicionavam pelo rompimento com a ditadura em jornais alternativos. Com o AI-5 e a proibição de atividades ou manifestações sobre assuntos de natureza política, os veículos de comunicação foram oficialmente censurados e, a partir daí, a grande mídia compactuava com os anos de chumbo.
Paulo Markun, idealizador do portal “Brado Retumbante”, destacou a importância de se ter conhecimento das versões dos fatos. “Se uma parcela dos difusores de informação denunciaram e rebelaram contra, uma outra parcela atuou a serviço da repressão e como instrumentos da própria ditadura”, destacou ele. Segundo Markun, é desse passado não contado ou pesquisado que deve-se duvidar, questionando a atuação dos suportes de informação do período.
Através da Comissão da Verdade e da possibilidade de apurar a violação dos direitos humanos por civis e militares, Lucas Figueiredo, pesquisador da comissão, ressalta a releitura de arquivos como esclarecimento das tragédias familiares e humanas. “Há muito para falar do período Militar brasileiro”, destacou. De acordo com Marta Maia, as novas revelações acerca do assunto devem completar os registros dessa história de longas interpretações.