Felipe Augusto Passos Macedo
2º período de Jornalismo da UFOP
“É muito fácil falar em redes e mídias, mas a realidade é que poucos vivem este cenário”. A frase é do roteirista, diretor de televisão e historiador João Alegria, diretor do Canal Futura, que abriu uma conferência na sexta (31) para o 9º Encontro Nacional de História da Mídia, representando o atual contexto das comunicações e seus reflexos dentro da sociedade.
João Alegria discorreu sobre como a comunicação tornou-se um saber inespecífico, no qual as pessoas estão cada vez mais envolvidas com as tecnologias, narrando o que estão vivendo, impondo novas rotinas e responsabilidades em uma “imersão operacional”. Segundo ele, a internet assumiu um papel de produtora de conteúdos, e esse campo favoreceu muito a execução das práticas colaborativas, onde a produção de informação foi substituída de “um para muitos” (como é o caso da televisão), pela noção de “muitos produzem para muitos”.
Entretanto, João ponderou acerca da necessidade de corrigir alguns problemas, como infraestrutura ausente, crise de acessibilidade, precariedade da construção da narrativa e produção em rede. Ao ser perguntado sobre os desafios que devemos enfrentar com a chegada da produção colaborativa, o roteirista afirma que existem quesitos como a coautoria (pela construção em conjunto), a autorregulação e o bem comum, ou seja, os recursos compartilhados pelos próprios produtores. E completa: “É preciso buscar o significado desses processos colaborativos dentro da sociedade”.
Com uma visão otimista do futuro, João Alegria acredita que o ambiente caótico das redes terá um fim quando sofrer uma regulação pelos próprios usuários, com novas políticas de funcionamento e integração.
Leia também: Lúcia Araújo, do Canal Futura, defende uma comunicação que promova o diálogo e o debate na sociedade.